sábado, 11 de setembro de 2010

Homoamizade

Correm cheios de fôlego e a vida é a consequência de algo muito maior. Para eles, de certo, querer é fazer, agir no impulso sem deixar rastros. E lá longe, consigo ver-vos enfadados pela melancolia do crepúsculo a sorrir uns aos outros  com os braços entrelaçados nos ombros amigos. Adeus, digo ao longe.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Força Crua

Lisboa, 4 de Setembro de 2010.

Inês Andrade,

"Tu só, tu, puro Amor, com força crua,”
Luís de Camões.
                                        
Queria ser tão esperto como ele, descrever algo tão desconhecido, que até o oculto dobra-se à eterna tentativa falhada de revelá-lo. É tentar, esgueirar-se ao final, sem o conhecer, torná-lo visível, o fim do túnel, a luz no horizonte sombrio. Melhor deixá-lo como está : Escondido.
Mas tu Inês fizeste que eu o tentasse agarrar, ressuscitar de um passado dormente, que acorrentado vivia em cativeiro doloroso. E vi, sim vi-o, tão claro perto de mim, tão momentâneo, tão passageiro. Talvez esse seja um dos seus pontos fracos – ser demasiado passageiro. Mas se a própria vida acaba, prefiro viver na incerteza do momento. E esses momentos, quero passá-los contigo. Descobrir a cada dia mais um centímetro da tua pele, mais um quilómetro do teu coração. E sentir-me lá dentro, guardado dentro da caixinha encarnada, bem cuidado, com uma etiqueta : Para ti. Não falo que ainda me vais receber, não, digo-te que já sou teu desde o momento em que cruzei o limite dos teus lábios. E senti a flor da pele o frescor do teu perfume único. Atrevido fui. E contínuo a sê-lo por continuar algo que muitos, até nós, julgam impossível.
A minha vida toda fui cobarde por fugir às minhas responsabilidades pessoais, e quando tratava-se do próximo era pior ainda, nunca fui capaz de ser completamente honesto e deixar as pessoas entrar dentro do meu íntimo. Por isso revolucionei-me uma vez mais para tentar rejuvenescer uma parte de mim que persistia em um sono profundo. Fi-lo por ti e fá-lo-ei milhares de coisas para envolver-me em teu sorriso, por mais ténue que ele seja. Se minha respiração é custosa e minha carne podre, pérfida, rejeitam a possibilidade do teu olhar, grito até que padeça meu fôlego para chamar a tua presença e resgatar-me dos meus persistentes medos. Não desista de mim, até que eu o faça porque conto contigo para construir algo maravilhoso em uma local desprovido de qualquer vida. Onde houve tantas histórias, tantas desilusões. Espero tal como tu, que tenhamos uma relação difícil, para que essa dinâmica destrua o monotonismo. E, cada vez mais torne esse laço mais forte e duradouro. Quero desencadear em ti a mesma reacção que “Bárbara”, a escrava, floresce em Luís de Camões. Pelo respeito e pelo ombro amigo, pelas lágrimas consoláveis, risos memoráveis, abraços apertados, e beijos sufocantes. Desejo-te aqui, ao meu lado, na prisão do meu olhar e na censura do dos meus braços que todos os dias sustentarão a abrasão da dificuldade, e a harmonia do odiado mais amado por todos – O amor.
Agora só me resta parabénizar-te por mais um ano de vida, e desejar-te um futuro lindo, com o teu “lindo” aqui ao teu lado.

Feita de sonhos. Embrulhada pelo azul do céu e do mar.
Perfeita aos meus olhos,
Tão simples, que a inveja de Vénus Citéreia,
Apenas promove tua estreia,
Como para sempre minha, tão minha que sempre hei-de amar.



Do seu, sempre muito seu, Jordann Fel.  

sábado, 4 de setembro de 2010


Pelo respeito e pelo ombro amigo, 
pelas lágrimas consoláveis, 
risos memoráveis, 
abraços apertados, 
e beijos sufocantes. 
Desejo-te aqui, ao meu lado, 
na prisão do meu olhar 
e na censura do dos meus braços
 que todos os dias sustentarão 
a abrasão da dificuldade,
e a harmonia do odiado mais amado por todos – O amor. 
Jordann Fel.

( Isto não é um poema, é uma revolução da estrutura de um texto narrativo.)



sábado, 28 de agosto de 2010

Ao próximo



Há um certo jardim em frente a minha casa, dizem que é florido e cheio de vida, mas eu nunca vi flores alí. Preocupei-me, de facto. Mas como estava muito frio e a neve caía do céu, julguei ser inverno. E as flores não resistem ao inverno, certo ?




Sempre é bom começar um texto por uma metáfora. Todos o dizem. Em análise, podemos transfigurar a figura do coração para esse vago jardim. As pessoas têm medo de ver um coração florido, de entrar na vida das pessoas sem consentimento, atrevem-se apenas a olhar e julgar que alí é inverno, que nada cresce, frio, podre. Se pensarmos bem, somos todos podres, a nossa estrada assim o é. O orgânico não passa de um eufemismo, julgando-o como vida. Não é suposto os seres humanos viverem em conjunto, apesar de sermos seres sociáveis por natureza, porque o nosso próprio julgamento está baseado no julgamento alheio. Não temos poder sobre a nossa própria vida. Vivemos apenas, limitámo-nos a olhar para o céu e considerá-lo azul, quando o tenho colorido por todos os astros, por tudo aquilo que nos transcede por serem maiores que o pensamento humano. Vemos apenas o aparente e normal, e ignoramos aquilo que chamamos o interior das pessoas. Portanto querer sorrir quando a hora não é propícia é um desafio, dizer alguém que o ama ( verdadeiramente ), pregar as suas convicções à estranhos e espalhar a palavra de algo ínvisível, é sempre muito difícil. Por isso, depois de Deus, eu creio no homem. Eu creio que haverá um dia, que todas as casas serão mais um abrigo ao desconhecido e a confiança um dom eterno.

Le Début


Que do nosso tempo sobre as lembranças,
Que da tua voz, soe o saudável gargalhar.
Que deste começo, brote a esperança,
E do futuro, talvez, poder te amar.

Que do toque surja a saudade,
Da presença, a emoção.
E o que nos une : A fidelidade
Esteja sempre sujeita à compreenção.

Excluído esteja o julgamento,
E o pensamento descartado,
Escusamos de saber o que é certo,
muito menos O que é errado.

Que o esforço origine o sucesso,
Escolher tendo em conta a prioridade.
Basta esquecermos tudo o resto:
E dar lugar à ténue felicidade.

Que possamos aprender a cada ressalto
E viver um dia de cada vez,
Gritar teu nome para o alto -
E dizer: Hoje és tu, só tu Inês.